PROJETO SEEDUC
Resumo
das orientações pedagógicas
BELLE
ÉPOQUE
Na
França, esse período foi de efervescência cultural, com o surgimento dos
cabarés,do cancan e do cinema. Do ponto de vista político e social, esse
foi um momento de extrema tranquilidade, o que propiciou o enaltecimento do
belo, a valorização da forma. Prédios luxuosos como o Teatro Municipal, por
exemplo, e a
Avenida Rio Branco, outrora Avenida
Central, estiveram entre as principais obras que redesenharam o centro do Rio,
então capital federal. Influenciada pelos acontecimentos na França, a cidade
passou por uma série de transformações urbanísticas e culturais. Como exemplo,
pode-se comparar as fachadas do mencionado Teatro Municipal e a Casa de Ópera
de Paris. É notável como as formas e o requintado acabamento do teatro carioca tiveram
como modelo o suntuoso edifício francês.
O luxuoso teatro
carioca, construído entre os anos de 1905 e 1909. Vide link:
A Casa de Ópera de
Paris, tambémconhecida como Ópera Garnier. Vide link:
A
moda também reproduzia a elegância francesa. De fato, como diz o historiador Nicolau
Sevcenko, “O importante na área central da cidade era estar em dia com os menores
detalhes do cotidiano do Velho Mundo.”8. Não por acaso, as volumosas importações
de objetos, móveis, roupas, peças teatrais e livros em voga na Europa.
A
Belle Époque carioca representou o sonho da Paris tropical e significou
a derrubada de vários prédios e casas antigas, movimento conhecido como
“bota-abaixo”. Nesse processo, a população mais pobre, expulsa das áreas centrais
e sem qualquer indenização, deixou de ser integrada aos avanços da época, o que
contribuiu para a formação das favelas. De acordo com Sevcenko, as condições
geográficas da cidade, com seu relevo acidentado e áreas pantanosas,
dificultava a expansão de imóveis, já em número insuficiente para atender à
crescente população no final do século XIX. Como resultado, habitações lotadas
em espaços minúsculos e insalubres. A capital da nova República era foco de
varíola, tuberculose, malária e febre amarela, entre outras doenças. Na síntese
do historiador: “carência de moradias e alojamentos, falta de condições
sanitárias, moléstias (alto índice de mortalidade), carestia, fome, bastavam
entre os frutos do crescimento urbano para os mais humildes.
Nomes
de destaque na crônica brasileira, como João do Rio e Lima Barreto, levantaram
críticas ao acirramento das desigualdades sociais em meio ao progresso. Já na
poesia, o parnasianismo, voltado para o belo, ignorou esses eventos. O poeta
Alberto de Oliveira, por exemplo, teria dito “Eu hoje dou a tudo de ombros,
pouco me importam paz ou guerra e não leio jornais”.
As duas faces da
Belle Époque carioca
Derrubada
de mais de 600 casas e prédios antigos (“Bota abaixo”);
Largas
avenidas;
Importação
de artigos franceses;
Teatro
Municipal;
Escola
de Belas Artes (hoje, Museu de
Belas
Artes);
Biblioteca
Nacional.
Marginalização
dos mais pobres, expulsos do centro da cidade;
Favelização;
Carência
de moradias;
Baixos
salários;
Revoltas
populares como a Revolta da
Vacina.
ART
NOVEAU
Além
das grandes obras, essa época testemunhou um impressionante progresso tecnológico.
O automóvel, a eletricidade e o cinema são apenas alguns exemplos. Vale mostrar
aos alunos que todas essas inovações não encontraram paralelo na história até então.
Por isso, a virada do século afetou diversas áreas da atuação humana. Não seria
diferente com a arte. A facilidade da reprodução em série de praticamente
qualquer coisa levou à necessidade de valorização da singularidade do traço do
artista, algo traduzido no rebuscamento dos desenhos e formas da estética Art
Nouveau. Assim, os desenhos, esculturas e a arquitetura sob essa influência
privilegiaram formas orgânicas, femininas, arredondadas e repletas de detalhes.
O professor pode mostrar para a turma imagens de fachadas de prédios e de
alguns objetos, como joias. Além disso, vale exibir capas de livros, rótulos e
cartazes da época, como os produzidos pelo artista tcheco Alphonse Mucha.
Exemplos de
manifestações Art Nouveau:
Confeitaria Colombo, no Centro do
Rio:inspiração na arquitetura Art Nouveau.
Da
mesma maneira que nas artes plásticas, a riqueza de detalhes também será a
tônica na produção poética. O Parnasianismo, então, explorou a utilização dos
termos acessórios da oração como um recurso para ornamentação da forma textual.
Esses elementos oracionais podem ser mostrados por meio de alguns exemplos da
poesia, como no esquema a seguir:
Exemplos de termos acessórios no poema
Vaso Chinês
1ª. estrofe
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Adjunto adverbial – neste caso,
expressando a circunstância de lugar
(onde foi visto o vaso)
2ª. estrofe
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Aposto – termo ou expressão de valor
explicativo. Neste caso, identifica de
modo mais preciso o citado artista.
3ª. estrofe
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Adjunto adnominal – termo determinante nominal que expande o significado nuclear. É representado
pelas classes gramaticais dos adjetivos (como no exemplo), artigos, pronomes, numerais
e até orações transpostas à função adjetiva.
Vale
ainda recordar que a presença dos elementos acessórios da oração atendia a
outra característica marcante da
poética parnasiana: o descritivismo.
Principais traços da
poética parnasiana
1) Rigor formal: Uso de rimas ricas e
raras, métrica perfeita e preferência por formas fixas, especialmente o soneto.
2) “Arte pela arte”: A arte como único
fim (“mimese pela mimese”)
3) Purismo e conservadorismo:
Utilização do registro culto da língua com construções refinadas e preciosismos.
4) Tentativa de impassibilidade:
Objetividade nos temas, evitando os arroubos Românticos.
5) Retomada de valores clássicos:
Inspiração nos temas da cultura clássica.
6) Descritivismo: Uso abundante de
recursos descritivos, criação de imagens plásticas.
Figuras de linguagem recorrentes no Parnasianismo
Elipse - omissão de
termos facilmente subentendidos por meio do contexto:
“Estranho mimo aquele vaso!”
(Estranho mimo é aquele vaso!)
Hipérbato - apresentação
indireta dos elementos da frase (sujeito, verbo, complementos), visando à
elaboração da linguagem:
“Quem o sabe?... de um velho
mandarim
Também lá estava
a singular figura”
Na ordem
direta dos termos:
(A singular figura de um velho mandarim
também estava lá)
Anáfora - repetição de
uma ou mais palavras no princípio dos versos ou no início de cada um dos
segmentos da frase.
Em linhas gerais, a figura da elipse atende à sofisticação
da linguagem, tornando-a mais próxima da erudição pretendida pela escola parnasiana.
A anáfora, por sua vez,
auxilia no efeito martelado, bem marcado da métrica. Já o hipérbato assume grande
relevância no Parnasianismo por favorecer a construção de versos rebuscados,
contribuir para a rígida contagem das sílabas poéticas e permitir a elaboração
de frases de efeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário