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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Parnasianismo - Resumo das orientações pedagógicas - 2ª série do Ensino Médio





PROJETO SEEDUC 

Resumo das orientações pedagógicas

BELLE ÉPOQUE

            Na França, esse período foi de efervescência cultural, com o surgimento dos cabarés,do cancan e do cinema. Do ponto de vista político e social, esse foi um momento de extrema tranquilidade, o que propiciou o enaltecimento do belo, a valorização da forma. Prédios luxuosos como o Teatro Municipal, por exemplo, e a
Avenida Rio Branco, outrora Avenida Central, estiveram entre as principais obras que redesenharam o centro do Rio, então capital federal. Influenciada pelos acontecimentos na França, a cidade passou por uma série de transformações urbanísticas e culturais. Como exemplo, pode-se comparar as fachadas do mencionado Teatro Municipal e a Casa de Ópera de Paris. É notável como as formas e o requintado acabamento do teatro carioca tiveram como modelo o suntuoso edifício francês.
O luxuoso teatro carioca, construído entre os anos de 1905 e 1909. Vide link:


 A Casa de Ópera de Paris, tambémconhecida como Ópera Garnier. Vide link:
           
 A moda também reproduzia a elegância francesa. De fato, como diz o historiador Nicolau Sevcenko, “O importante na área central da cidade era estar em dia com os menores detalhes do cotidiano do Velho Mundo.”8. Não por acaso, as volumosas importações de objetos, móveis, roupas, peças teatrais e livros em voga na Europa.
            A Belle Époque carioca representou o sonho da Paris tropical e significou a derrubada de vários prédios e casas antigas, movimento conhecido como “bota-abaixo”. Nesse processo, a população mais pobre, expulsa das áreas centrais e sem qualquer indenização, deixou de ser integrada aos avanços da época, o que contribuiu para a formação das favelas. De acordo com Sevcenko, as condições geográficas da cidade, com seu relevo acidentado e áreas pantanosas, dificultava a expansão de imóveis, já em número insuficiente para atender à crescente população no final do século XIX. Como resultado, habitações lotadas em espaços minúsculos e insalubres. A capital da nova República era foco de varíola, tuberculose, malária e febre amarela, entre outras doenças. Na síntese do historiador: “carência de moradias e alojamentos, falta de condições sanitárias, moléstias (alto índice de mortalidade), carestia, fome, bastavam entre os frutos do crescimento urbano para os mais humildes.
            Nomes de destaque na crônica brasileira, como João do Rio e Lima Barreto, levantaram críticas ao acirramento das desigualdades sociais em meio ao progresso. Já na poesia, o parnasianismo, voltado para o belo, ignorou esses eventos. O poeta Alberto de Oliveira, por exemplo, teria dito “Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco me importam paz ou guerra e não leio jornais”.
As duas faces da Belle Époque carioca


Derrubada de mais de 600 casas e prédios antigos (“Bota abaixo”);
Largas avenidas;
Importação de artigos franceses;
Teatro Municipal;
Escola de Belas Artes (hoje, Museu de
Belas Artes);
Biblioteca Nacional.
Marginalização dos mais pobres, expulsos do centro da cidade;
Favelização;
Carência de moradias;
Baixos salários;
Revoltas populares como a Revolta da
Vacina.




ART NOVEAU
            Além das grandes obras, essa época testemunhou um impressionante progresso tecnológico. O automóvel, a eletricidade e o cinema são apenas alguns exemplos. Vale mostrar aos alunos que todas essas inovações não encontraram paralelo na história até então. Por isso, a virada do século afetou diversas áreas da atuação humana. Não seria diferente com a arte. A facilidade da reprodução em série de praticamente qualquer coisa levou à necessidade de valorização da singularidade do traço do artista, algo traduzido no rebuscamento dos desenhos e formas da estética Art Nouveau. Assim, os desenhos, esculturas e a arquitetura sob essa influência privilegiaram formas orgânicas, femininas, arredondadas e repletas de detalhes. O professor pode mostrar para a turma imagens de fachadas de prédios e de alguns objetos, como joias. Além disso, vale exibir capas de livros, rótulos e cartazes da época, como os produzidos pelo artista tcheco Alphonse Mucha.
Exemplos de manifestações Art Nouveau:

  
Confeitaria Colombo, no Centro do Rio:inspiração na arquitetura Art Nouveau.


            Da mesma maneira que nas artes plásticas, a riqueza de detalhes também será a tônica na produção poética. O Parnasianismo, então, explorou a utilização dos termos acessórios da oração como um recurso para ornamentação da forma textual. Esses elementos oracionais podem ser mostrados por meio de alguns exemplos da poesia, como no esquema a seguir:
Exemplos de termos acessórios no poema Vaso Chinês

1ª. estrofe

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Adjunto adverbial – neste caso,
expressando a circunstância de lugar
(onde foi visto o vaso)



2ª. estrofe

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Aposto – termo ou expressão de valor
explicativo. Neste caso, identifica de
modo mais preciso o citado artista.



3ª. estrofe

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

 Adjunto adnominal – termo determinante nominal que expande o significado nuclear. É representado pelas classes gramaticais dos adjetivos (como no exemplo), artigos, pronomes, numerais e até orações transpostas à função adjetiva.


             Vale ainda recordar que a presença dos elementos acessórios da oração atendia a
outra característica marcante da poética parnasiana: o descritivismo.

 
Principais traços da poética parnasiana
1) Rigor formal: Uso de rimas ricas e raras, métrica perfeita e preferência por formas fixas, especialmente o soneto.
2) “Arte pela arte”: A arte como único fim (“mimese pela mimese”)
3) Purismo e conservadorismo: Utilização do registro culto da língua com construções refinadas e preciosismos.
4) Tentativa de impassibilidade: Objetividade nos temas, evitando os arroubos Românticos.
5) Retomada de valores clássicos: Inspiração nos temas da cultura clássica.
6) Descritivismo: Uso abundante de recursos descritivos, criação de imagens plásticas.

Figuras de linguagem recorrentes no Parnasianismo



Elipse - omissão de termos facilmente subentendidos por meio do contexto:

“Estranho mimo aquele vaso!”

(Estranho mimo é aquele vaso!)



Hipérbato - apresentação indireta dos elementos da frase (sujeito, verbo, complementos), visando à elaboração da linguagem:

“Quem o sabe?... de um velho mandarim

Também lá estava a singular figura”



Na ordem direta dos termos:

(A singular figura de um velho mandarim também estava lá)



Anáfora - repetição de uma ou mais palavras no princípio dos versos ou no início de cada um dos segmentos da frase.



            Em linhas gerais, a figura da elipse atende à sofisticação da linguagem, tornando-a mais próxima da erudição pretendida pela escola parnasiana. A anáfora, por sua vez, auxilia no efeito martelado, bem marcado da métrica. Já o hipérbato assume grande relevância no Parnasianismo por favorecer a construção de versos rebuscados, contribuir para a rígida contagem das sílabas poéticas e permitir a elaboração de frases de efeito.

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