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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

POESIA E ROMANCE NO MODERNISMO/MANIFESTO E PANFLETO-1º bimestre da 3ª Série do Ensino Médio: 1º CICLO




ROTEIRO DE ATIVIDADES

– 1º bimestre da 3ª Série do Ensino Médio: 1º CICLO –



EIXO BIMESTRAL: Poesia e romance no modernismo / manifesto e panfleto

TEXTO GERADOR 1

O texto abaixo corresponde a trechos extraídos do manifesto Pau Brasil, publicado em 1924, no jornal “O Correio da Manhã”. O manifesto defendia a necessidade de se criar uma arte verdadeiramente brasileira. Buscava-se, portanto, uma retomada da consciência nacional e a aceitação da nossa pluralidade cultural.

Manifesto da Poesia Pau-Brasil

A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. (...)
O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.
Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.
Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.
(...)
Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.

(ANDRADE, Oswald de. Manifesto da Poesia Pau-Brasil. Disponível na íntegra em http://www.ufrgs.br/cdrom/oandrade/oandrade.pdf)

ATIVIDADES DE LEITURA

QUESTÃO 1
O Texto Gerador 1 integra a primeira fase do Modernismo brasileiro e propõe uma nova maneira de fazer arte. Retire do texto trechos que comprovem as seguintes características desse período:
a) Valorização da natureza e da cultura nacionais.
b) Exaltação do índio brasileiro.
c) Combate ao academicismo na arte.
d) Crítica ao período de colonização do país.

QUESTÃO 2
A primeira fase do Modernismo brasileiro é marcada por um forte caráter anárquico que busca romper com todas as estruturas do passado. O trecho do Texto Gerador 1 que mais evidencia essa busca por uma ruptura dos modelos de reprodução da arte tradicional e pela construção de uma produção artística realmente brasileira é...
(a) “A poesia existe nos fatos.”
(b) “O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil.”
(c) “O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.”
(d) “Dividamos: poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.”
(e) “Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar.”

TEXTO GERADOR 2

O texto a seguir é composto por fragmentos de “Dois poemas acreanos”, de Mário de Andrade. Essa é uma obra representativa da primeira fase do Modernismo brasileiro (1922-1930), que se caracterizou como um movimento de renovação radical na linguagem, nos formatos e no conteúdo, marcando a ruptura definitiva da arte tradicional. Além disso, os modernistas defendiam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais e a promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais.

 

 

Dois poemas acreanos

a Ronald de Carvalho
I
Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no norte,  meu Deus! muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.

II
Acalanto do seringueiro
 
Seringueiro brasileiro,
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.
Ponteando o amor eu forcejo
Pra cantar uma cantiga
Que faça você dormir.
(...)
Seringueiro, seringueiro,
Queria enxergar você...
Apalpar você dormindo,
Mansamente, não se assuste,
Afastando esse cabelo
Que escorreu na sua testa.
Algumas coisas eu sei...
Troncudo você não é. 
Baixinho, desmerecido,
Pálido, Nossa Senhora!
Parece que nem tem sangue.
Porém cabra resistente
Está ali. Sei que não é
Bonito nem elegante...
(...)

Mas porém é brasileiro,
Brasileiro que nem eu...
Fomos nós dois que botamos
Pra fora Pedro II...
Somos nós dois que devemos
Até os olhos da cara
Pra esses banqueiros de Londres...
Trabalhar nós trabalhamos
Porém pra comprar as pérolas
Do pescocinho da moça
Do deputado Fulano.
Companheiro, dorme!

(...)
Seringueiro, dorme!
Num amor-de-amigo enorme
Brasileiro, dorme!
Brasileiro, dorme.

(ANDRADE, Mário. Clã do Jaboti. In: ________. Poesias completas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1980)

ATIVIDADES DE LEITURA

Questão 3
O Texto Gerador 1, o manifesto, propõe uma nova forma de fazer arte. Podemos recuperar o atendimento a essa proposta no Texto Gerador 2. Transcreva do poema versos que comprovem os seguintes traços defendidos no manifesto:
a) Valorização da natureza brasileira:
b) Volta às origens, por meio da crítica ao passado histórico:         
c) Construção de uma arte com maior liberdade formal:     
d) Utilização de uma linguagem mais informal, coloquial:

Questão 4
“Descobrimento” retrata a imersão do poeta em sua vida de intelectual e de morador de uma das maiores cidades do país: São Paulo. Em meio a esse cotidiano, ele descobre um outro ambiente, que retrata uma realidade brasileira diferente. Pode-se dizer que o poema revela uma tentativa de...
(a) distanciamento dessa outra realidade.
(b) aproximação dessa outra realidade.
(c) desvalorização dessa outra realidade.
(d) depreciação dessa outra realidade.
(e) negação dessa outra realidade.


Questão 5
Em “Acalanto do seringueiro”, há predomínio da primeira pessoa do singular (“Algumas coisas eu sei...”). No entanto, em determinado ponto do poema, passa-se a utilizar a primeira pessoa do plural (“Trabalhar nós trabalhamos”). Tendo em vista os ideais da primeira fase modernista, justifique essa mudança de pessoa verbal. Destaque versos que comprovem sua resposta.

Texto complementar

O texto a seguir é composto por excertos do poema “Profissão de Fé”, de Olavo Bilac, um dos mais importantes poetas do Parnasianismo. Nele, o ato de fazer poesia é comparado ao trabalho artesanal de um ourives. Apesar de não se filiar à estética modernista, sua presença neste Roteiro de Atividades se justifica por representar, justamente, o que a primeira fase modernista pretendeu combater. O Texto Gerador 3, exposto em seguida, integra a primeira fase modernista e representa uma sátira à exaltação da forma, tão presente na produção parnasiana.



Profissão de fé



(...)
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
(...)
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!







(BILAC, Olavo. Profissão de fé. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000179.pdf)

TEXTO GERADOR 3
O texto a seguir apresenta fragmentos do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira: uma obra também representativa da primeira fase modernista. Esse poema foi lido na segunda noite da Semana de Arte Moderna de 1922 e revela uma das características mais marcantes desse período: a forte rejeição à poesia parnasiana. “Os sapos” dialoga, de forma satírica, com o Texto Complementar.

Os sapos


O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
(...)
Urra o sapo-boi:
— "Meu pai foi rei". — "Foi!".
— "Não foi!". — "Foi!".
 — "Não Foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem estatuário,
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo."
 (...)
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...



(BANDEIRA, Manuel. Os sapos. Disponível em http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/jogo/certo3.asp)

Verbete
Assomo – Sinal.
Cancioneiro – Coleção de canções, coleção de poesias líricas.
Cognatos – Palavras que apresentam o mesmo radical. Ex.: pedra, pedreiro.
Estatuário – Relativo a estátuas. Escultor de estátuas.
Frumento – Trigo. Qualquer cereal.
Joio – Planta que infesta a seara. Coisa má que, misturada com as boas, as prejudica e deprecia.
Lavor – Trabalho.
Martelado – verbo martelar. Insistir, teimar. Repetir muitas vezes, para aprender ou decorar.
Perau – Declive rápido do fundo do mar ou de um rio, junto à costa ou à margem.
Fim do verbete.

ATIVIDADES DE LEITURA

QUESTÃO 6
Uma tendência forte do primeiro momento do Modernismo foi fazer o poema-piada, modalidade em que se enquadra “Os sapos”. Manuel Bandeira satiriza o movimento parnasiano, criticando a preocupação excessiva com o aspecto formal. Essa foi outra grande tendência do movimento modernista: criticar a literatura parnasiana, que os modernistas consideravam ultrapassada. Recupere, no Texto Gerador 3, trechos  que evidenciem a referência crítica à arte parnasiana

QUESTÃO 7
O Texto Gerador 3 procura discutir como a poesia deveria ser, portanto, é um poema metalinguístico. Os sapos são uma metáfora dos tipos de poetas. O sapo-tanoeiro, por exemplo, representa o poeta parnasiano, enquanto o sapo-cururu é a figuração do poeta modernista. Assinale a alternativa que apresenta a correlação adequada entre os tipos de sapo descritos no poema e as características do movimento literário que cada um representa:
(1) Sapo-tanoeiro          (2) Sapo-cururu
 



(    ) Uso de linguagem cotidiana.
(    ) Perfeição formal.
(    ) Descritivismo.
(    )  Simplicidade.
(    ) Uso de palavras raras.

(a) 1, 1, 2, 2, 1.
(b) 2, 1, 2, 1, 1.
(c) 2, 1, 1, 2, 1.
(d) 1, 2, 2, 1, 2.
(e) 2, 2, 1, 1, 1.

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 8
Em “Os sapos”, para criticar e ironizar a poesia parnasiana, Bandeira emprega, em seu próprio poema, recursos utilizados na obra desse estilo. Um deles é o uso de termos acessórios que ilustram o caráter descritivista do Parnasianismo. Um exemplo de termo acessório é o aposto (uma palavra ou expressão posta após (aposto) um termo com o objetivo de esclarecer, explicar ou detalhar melhor esse termo).
Considerando essas informações, assinale a alternativa em que a vírgula foi empregada para isolar um aposto:
(a) “Enfunando os papos, / saem da penumbra,/  Aos pulos, os sapos.”
(b) “Lá, fugido ao mundo,/ Sem glória, sem fé,”
(c) “Que soluças tu,/ Transido de frio,/ Sapo-cururu”
(d) “O sapo-tanoeiro, / Parnasiano aguado, / Diz: ’Meu Cancioneiro”
(e) “Ou bem estatuário,/Tudo quanto é belo,/Tudo quanto é vário,/ Canta no martelo”


TEXTO GERADOR 4

A Semana de Arte Moderna foi o marco inicial do Modernismo brasileiro. O evento teve como principal objetivo a ruptura entre o velho e o novo, entre o antigo e o moderno. A Semana aconteceu nas noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, e contou com a participação de vários artistas que mostraram obras com uma linguagem nova, afinada com as correntes estéticas do começo do século. O texto gerador 4 é um panfleto da época.

QUESTÃO 10
Assinale a alternativa que apresenta, adequadamente, a função desse panfleto:
(a) Discutir as principais ideias do Modernismo.
(b) Promover o caráter transgressor da Semana.
(c) Polemizar a escolha do Teatro Municipal como palco do evento.
(d) Debater temas políticos inerentes ao Modernismo.
(e) Divulgar o local, a data, a programação do evento e o valor dos ingressos.

TEXTO GERADOR 5

Macunaíma é uma das conhecidas personagens da literatura brasileira. Pode-se dizer que, nesse romance, Mário de Andrade tentou representar o multiculturalismo que integra a identidade brasileira. Em outras palavras, buscou mostrar que é o caráter heterogêneo que faz do Brasil uma entidade homogênea.  O autor valorizou o folclore, as raízes, a linguagem e tudo quanto fosse mais próximo do povo. A seguir, apresenta-se um trecho do romance que narra as impressões de Macunaíma em relação ao espaço urbano:

As cunhãs rindo tinham ensinado pra ele que o sagui-açu não era saguim não, chamava elevador e era uma máquina. De manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os boitatás as inajás de curuatás de fumo, em vez eram caminhões bondes autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés. . . Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina!

(ANDRADE, Mário de. Macunaíma - o Herói sem Nenhum Caráter. São Paulo: Livraria Martins Editora S. A, 1974, p. 28.)

QUESTÃO 11
Pode-se destacar como característica modernista a ruptura da linguagem literária tradicional. No Texto Gerador 5, procura-se criar uma língua brasileira, que incorpora variações regionais, palavras indígenas, coloquialismos e influências estrangeiras. Considerando essa característica, responda às questões a seguir:
a) Destaque exemplos que comprovem a incorporação de diferentes culturas na formação brasileira.

b) A enumeração de palavras indicadoras de ruídos, de marcas de automóveis e de elementos da cidade aparece de forma inadequada a uma regra de pontuação. Justifique. Como essa inadequação se relaciona ao espaço urbano retratado?

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 12
Os panfletos são textos que apresentam certa regularidade. Podemos destacar algumas características desse gênero:
ü  são folhas avulsas preenchidas, geralmente, de um dos lados;
ü  podem ser entregues diretamente às pessoas ou deixados em lugares acessíveis que possibilitem a livre circulação;
ü  possuem enunciados construídos de forma direta e objetiva;
ü  utilizam linguagem verbal e não verbal (os recursos gráficos são muito importantes);
ü  circulam com o objetivo de divulgar determinado assunto/evento.

Você já estudou o Manifesto da Poesia Pau-Brasil neste Roteiro. Releia-o com atenção e, a partir das considerações feitas, produza um panfleto com o objetivo de divulgar esse movimento de renovação cultural aos artistas da atualidade.


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